Vinte e um anos e todas essas besteiras do tipo. Como me sinto? Ultrajada acho que é a palavra. Não, na verdade creio que insegura  se adéqua bem melhor para definir meus sentimentos. E sabem o porquê  disso? Por que de repente eu me toquei que está passando tudo rápido  demais. Parece que foi ontem em que eu  acordava empolgada para chegar ao primeiro dia de aula e dar de cara com  rostos novos na sala. Parece que foi antes de ontem que eu saía logo  após o almoço com o sol a pino com minha vira lata ao lado explorando  terrenos baldios imaginando que na verdade eu era uma grande arqueóloga  em meu campo de pesquisa. Parece, mas não faz. 
Nem dias, nem semanas e nem meses. Todos os momentos acima citados são coisa de anos passados. Insultada, sim, é como eu me encontro agora, pois por incrível que pareça ninguém me disse que isso ia acontecer, que de repente eu ia acordar e dar de cara no espelho com alguém completamente diferente.
Mas se eu pudesse realmente ficar  frente a frente comigo eu diria para afastar-me. Afastar-me dos carros  em alta velocidade, das pessoas estranhas, do vento frio inexplicável,  dos objetos pontiagudos, das tomadas, do tempo.  Diria para se afastar e  pediria para essa Fabrízia menor sair andando com um sorriso no  rosto, com uma boa melodia na cabeça e algumas guloseimas como o meu doritos.
P.S.; Brízia

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